BIOGRAFIA
1894. No princнpio da madrugada de 08 de dezembro, nasce, em Vila Viзosa (Alentejo), Florbela d’Alma da Conceiзгo Espanca, na casa de sua mгe Antфnia da Conceiзгo Lobo, а Rua do Angerino. O pai, o republicano Joгo Maria Espanca, casado com Mariana do Carmo Ingleza, providenciarб para que a esposa se torne madrinha de batismo da filha, em 20 de junho de 1895, oferecendo-lhe como padrinho o amigo Daniel da Silva Barroso.
Embora nos registros da Igreja Nossa Senhora da Conceiзгo de Vila Viзosa conste Florbela ser “filha ilegнtima de pai incуgnito”, serб a menina criada pelo pai e pela madrasta desde o nascimento. Igual procedimento se verб da parte de Joгo Maria para com Apeles, o ъnico irmгo da poetisa, filho da mesma mгe e do mesmo pai, que vai nascer em 10 de marзo de 1897. Tambйm como Florbela, Apeles serб registrado “filho ilegнtimo de pai incуgnito”.
1899. Florbela freqьenta a escola primбria em Vila Viзosa. O pai viaja muito, trabalhando, nessa altura, como antiquбrio, e jб em 1900, torna-se um dos introdutores do cinematуgrafo em Portugal, projetando, por todo o paнs, filmes em salas particulares, graзas ao recйm adquirido “Vitascуpio de Edson”. A paixгo pela fotografia o levarб tambйm, a abrir um estъdio em Йvora, o “Photo Calypolense de J. M.. Espanca”, despertando na filha o gosto pelo retrato e elegendo-a o seu modelo predileto, visto que a iconografia de Florbela Espanca, sobretudo a da sua lavra й bastante farta.
Joгo Maria Espanca e o pai de Milburges Ferreira (a amiga e vizinha Buja, tambйm afilhada de Mariana Ingleza) serгo, como republicanos ferrenhos, num tempo em que tal era suspeito, perseguidos ao longo de diversas ocasiхes, como inimigos do regime monбrquico.
1903. Data de 11 de novembro o poema “A vida e a morte”, provavelmente a primeira peзa escrita por Florbela, e a poesia parece ter-se constituнdo, na infвncia da jovem, num meio particular de aproximaзгo com os outros, espйcie de doaзгo generosa de si mesma, de original presente que ela oferece, sobretudo ao pai e ao irmгo, ambos foco de seu carinho e de toda a sua atenзгo.
1908.O rei D. Carlos e o prнncipe herdeiro D. Luнs Felipe sгo, em 1є de fevereiro (dia do aniversбrio de Joгo Espanca), assassinados em Lisboa, quando voltavam do Palбcio Ducal de Vila Viзosa (residкncia de fйrias da Coroa), e este й um dos acontecimentos que vгo precipitar a instauraзгo revolucionбria da Repъblica em 05 de outubro de 1910.
Florbela ingressa no Liceu de Йvora, onde permanece atй 1912, de modo que a famнlia muda-se nesse ano para Йvora, a fim de facilitar-lhe a permanкncia nos estudos. Ainda em 1908, falece em Vila Viзosa, a terra natal que a regressara, Antфnia da Conceiзгo Lobo, entгo com vinte e nove anos de idade.
1913. Flobela batiza, em 08 de maio, o primo Tъlio Espanca, a quem se dedicarб sempre com desvelos de assнdua madrinha. Este, recentemente falecido, tornar-se-б editor de A Cidade de Йvora e importante autoridade nos meios intelectuais portugueses, graзas а sua competкncia de profundo conhecedor de histуria da arte, vogal das Academias Portuguesas de Histуria e Nacional de Belas Artes, tendo sido encarregado de elaborar, dentre outras obras, o Inventбrio Artнstico de Portugal- Distrito de Йvora.
No dia do seu aniversбrio, Florbela casa-se, na Conservadoria do Registro Civil de Vila Viзosa, com Alberto de Jesus Silva Moutinho, um ano mais velho que ela, rapaz que, desde o primбrio era seu colega de estudos.
1914. Logo em janeiro, Florbela e o marido vгo morar em Redondo; ali atravessarгo um perнodo econфmico difнcil, jб que se sustentam dos parcos rendimentos das aulas particulares a alunos de Colйgio. Por isso, em setembro de 1915, o jovem casal regressarб a Йvora, para viver em casa de Joгo Maria Espanca e para dar aulas no Colйgio de Nossa Senhora da Conceiзгo. Por essa йpoca, Mariana Ingleza jб se acha doente (ela morrerб em dezembro de 1925), e o pai de Florbela, sob os olhares complacentes da mulher, vive livremente na mesma casa com a empregada Henriqueta de Almeida. Joгo Maria vai divorciar-se de Mariana em 09 de novembro de 1921 e casar-se com Henriqueta em 04 de julho de 1922. Em 03 de julho de 1954, Joгo Maria Espanca virб a falecer, depois de, na Conservadoria do Registro Civil de Vila Viзosa, ter perfilhado Florbela em 13 de junho de 1949.
1916. Em meados de abril de 1916, vivendo novamente em Redondo, Florbela seleciona, dentre a sua produзгo poйtica cerca de trinta peзas produzidas a partir de 10 de maio de 1915, com as quais inaugura o projeto e o manuscrito Trocando Olhares.Esse caderno (32,2 X 11cm), contendo capa dura e apresentando quarenta e sete folhas, encontra-se hoje depositado no seu espуlio da Biblioteca Nacional de Lisboa. Compreende oitenta e oito poemas e trкs contos e parece se impor, da maneira como subsiste, como uma expressiva ”oficina literбria”, acolhendo projetos poйticos de distintas naturezas, anotaзхes, refundiзхes de poemas em pбginas que por vezes, se assemelham a palimpsestos. Prestou-se ele tambйm como matriz a duas antologias dali retiradas na altura, como importante foco irradiador de peзas que emigrarгo, refundidas, para o Livro de Mбgoas e para o Livro de Sуror Saudade, e, enquanto campo temбtico, como precioso propulsor para o restante da obra de Florbela.
Datam tambйm de 1916, os primeiros esforзos da jovem poetisa para ser publicada , e a sua correspondкncia com Madame Carvalho, diretora do suplemento “Modas e Bordados” de O Sйculo de Lisboa, tem inнcio em 08 de janeiro desse ano. Ao longo de 1916, Florbela inicia colaboraзгo no mencionado Suplemento, em Notнcias de Йvora e em A Voz Pъblica de Йvora. Muitos desses poemas, enviados a Jъlia Alves (com quem enceta correspondкncia a partir de junho de 1916 e que se alonga atй 05 de abril de 1917), serгo recuperados e publicados no pуstumo Juvenнlia.
Portugal inicia a sua intervenзгo na Primeira Grande Guerra Mundial em 09 de marзo de 1916, e Florbela, entusiasmada com a causa republicana, comeзa a partir de princнpio de junho, a se ocupar de um novo projeto poйtico, A Alma de Portugal, em “homenagem humilнssima а pбtria que estremeзo”, como o registra a sua correspondкncia e segundo o atestam os poemas do referido manuscrito. Logo apуs 18 de julho, ela estб enviando a Raul Proenзa, por meio do pai, que й amigo de Luнs Sangreman Proenзa (irmгo do intelectual republicano), a sua antologia Primeiros Passos. A apreciaзгo do importante Conservador da Biblioteca Nacional de Lisboa, de que Florbela toma conhecimento nos dias imediatamente anteriores a 12 de agosto, serб fundamental para o auto-reconhecimento do que produzia atй entгo, bem como valiosa para a definiзгo da sua personalidade poйtica. O exame do parecer de Proenзa demonstra ter sido ele o ъnico crнtico efetivamente competente com que Florbela deveras dialogou, acontecimento verdadeiramente isolado nos minguados horizontes literбrios da sua existкncia. A crer nas ъnicas duas peзas da correspondкncia de Florbela com o republicano (depositada no espуlio de Proenзa na Biblioteca Nacional de Lisboa), a interlocuзгo crнtica que com ele manteve deve ter-se alongado pelo menos atй 1927 (quando Proenзa foi exilado em virtude de sua publicaзгoPrimeiro panfleto contra a ditadura militar, e foi decisiva para o engendramento e seleзгo dos sonetos que perfariam o Livro de Mбgoas e, quem sabe, tambйm o Livro de Sуror Saudade, visto que nessa obra se acham traзos da continuada epistolografia (o Prince Charmant…, й a ele dedicado, tendo sido antes publicado, em 1є de agosto de 1922, no n.є 16 da Seбra Nova, revista literбria que se tornou o sнmbolo da resistкncia ao salazarismo e do qual Proenзa era um dos fundadores e integrantes do corpo diretivo).
Por volta de 28 de julho, Florbela reavalia o seu manuscrito e elege peзas que, ao lado de outras que comporб, perfarгo mais um dos seus projetos poйtico:O Livro d’Ele.
Em outubro do mesmo ano, a poetisa estб de volta a Йvora como explicadora no mesmo Colйgio. Por essa altura, engendra um novo projeto poйtico, indicado no manuscrito, apenas pelo tнtulo das duas partes que o compхe: Minha Terra, Meu Amor, condensando nele a essкncia dos abandonados Alma de Portugal e O Livro d’Ele. Apenas em novembro retoma o liceu interrompido, de maneira que concluirб o Curso Complementar de Letras em 24 de julho de 1917.
1917. Florbela encerra o manuscrito Trocando Olhares em 30 de abril desse ano (quando se dб a mencionada interlocuзгo com a poйtica de Amйrico Durгo), regressando posteriormente a ele para anotaзхes acerca de uma nova antologia, a Primeiros Versos (provavelmente destinada a leitura de Raul Proenзa), e para rascunhar refundiзхes de poemas presentes ou nгo no caderno.
Apeles, que tem dotes artнsticos e que pratica sensivelmente a pintura, estб seguindo carreira oposta em Lisboa: em 19 de agosto, termina o Curso da Escola Naval, graduando-se aspirante.
Em 09 de outubro, Florbela, vivendo desde setembro na capital do paнs subsidiada pelo pai, matricula-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que abandonarб em meados de 1920: dentre os trezentos e quarenta e sete alunos inscritos, й de apenas quatorze o nъmero de mulheres. Conhecerб aн Josй Schimidt Rau, Amйrico Durгo, Joгo Botto de Carvalho, por intermйdio de Apeles, que tambйm se aplica em mostrar para a irmг a vida artнstica de Lisboa, acompanhando-a na visita a exposiзхes. Embora Florbela tenha sido colega de Alfredo Pedro Guisado na Universidade, ligado, portanto, ao grupo Orpheu, nгo hб nenhum indнcio de que ela tenha tomado conhecimento da existкncia do Modernismo em Portugal nem dos seus mentores, embora a temбtica da “despersonalizaзгo” atravessasse, mas como condiзгo feminina, a sua obra, que, nesse aspecto da “fragmentaзгo”, aparenta-se sobretudo com a de Mбrio de Sб-Carneiro.
1918. Em abril, Florbela que se encontra adoentada, vai com o marido a Quelfes (Algarve) para repouso, permanecendo o casal hospedado em Olhгo, na casa de Dorothea Moutinho. A carta que envia dali a Proenзa, em 07 de maio, atesta a efabulaзгo do volume que se tornaria O Livro de Mбgoas.
1919. Em junho vem а luz, pela Tipografia Maurнcio de Lisboa, o O Livro de Mбgoas, dedicado “A meu Pai. Ao meu melhor amigo” e “Б querida Alma irmг da minha. Ao meu irmгo” e, jб em seguida, Florbela comeзa a trabalhar num novo projeto que, entre essa data e pelo menos o final de 1922, terб seu tнtulo oscilando entre Livro do Nosso Amor e Claustro de Quimeras, conforme o atestam dois diferentes manuscritos depositados na Biblioteca Nacional de Lisboa.
Durante toda a fase em Lisboa que intermitentemente, se prolonga atй novembro de 1923, Florbela estб sempre em contato com Buja, que ali reside entгo, e trabalha como explicadora particular de portuguкs. Data de tal experiкncia profissional a amizade com Aurйlia Borges que, apуs sua morte e por ocasiгo do moroso affaire, se transformarб em empenhada defensora da causa florbeliana, publicando, entre outras obras, o Florbela Espanca e sua obra (1946).
1921. Apeles й graduado guarda-marinha pela Escola Naval. Em 30 de abril й decretado, em Йvora, o divуrcio de Florbela com Moutinho. Em 29 de junho, Florbela se casa, na Conservadoria do registro Civil do Porto, com o alferes de artilharia da Guarda republicana, Antфnio Josй Marques Guimarгes, entгo com 26 anos, e o novo casal vai residir naquela freguesia, transferindo-se, em marзo de 1922, para uma Quinta na Amadora e, jб em junho do mesmo ano, para Lisboa.
1922. Apeles que estб em vias de tornar-se segundo tenente, presta serviзos no cruzador “Carvalho Araъjo”, que transporta, de Portugal para o Brasil, um dos aviхes utilizados para a cйlebre travessia aйrea de Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Corresponde-se assiduamente com a irmг, que acompanha pelos jornais os acontecimentos e que conserva fotos da faзanha, em algumas das quais Apeles se acha presente. Tambйm das incursхes do cruzador pela Бfrica o irmгo lhe dб notнcias em cartas bem humoradas, em que se compromete, por exemplo a trazer, das caзadas pelo interior de Luanda, umas “penas para um chapйu para Bela”.
1923. Em janeiro vem a lume pela Tipografia A Americana de Lisboa o Livro de Sуror Saudade, refundiзгo dos dois manuscritos anteriores: as provas tipogrбficas do volume se acham depositadas na Biblioteca Nacional de Lisboa. Tambйm lб se encontram, entre recortes ou apreciaзхes manuscritas de outrem a respeito da publicaзгo do Livro de Mбgoas, sete peзas; a propуsito do Livro de Sуror Saudade outras sete, alйm de duas outras que atestam comentбrios de passagem sobre a sua poesia- que Florbela conservou. Tal montante certifica, pois, que ela acompanhou com atenзгo, recortando e guardando para si, a pнfia repercussгo das usas obras.
Em novembro, a poetisa se encontra novamente adoentada e segue para Gonзa (Guimarгes) a fim de tratar-se.
1924. A 4 de abril, em Lisboa, Antфnio Guimarгes entra com o pedido de divуrcio contra Florbela Espanca, na 6Є Vara Cнvel, que serб deferido em 23 de junho de 1925. Em setembro de 1925, Antфnio Guimarгes se casa com Rosa de Oliveira Roma Leгo e, muito mais tarde, ele fundarб em Lisboa uma importante agкncia, a de “recortes”, que se aplica em atravйs de assinaturas, enviar para os respectivos autores qualquer matйria publicada que lhes diga respeito. Nгo deixa de ser curioso que o espуlio pessoal de Antфnio Guimarгes se componha do mais abundante material que sobre Florbela se publicou desde 1945 atй 1981, ano em que faleceu em Lisboa: sгo cerca de cento e trinta e trкs recortes.
1925. Em 15 de outubro, ela se casa, na Repartiзгo do registro Civil de Matosinhos (e a 29 do mesmo mкs na Igreja do Bom Jesus de Matosinhos), com Mбrio Pereira Lage, mйdico que contava entгo trinta e dois anos, passando o casal a residir em Esmoriz e transferindo-se em junho de 1926, para a casa dos pais de Lage, em Matosinhos (Porto). Data dessa йpoca uma foto sua, ao lado e outras senhoras numa campanha para angariar fundos para a Cruz Vermelha.
1926. Й publicado o decreto ditatorial, com forзa de lei, que dissolve o Congresso da Repъblica.
Apeles gradua-se primeiro-tenente da Marinha.
1927. Durante esse ano, Florbela comeзa a colaborar no D. Nuno de Vila Viзosa (cujo diretor й Josй Emнdio Amaro), e os poemas ali estampados sгo por ela indicados como pertenзa de Charneca em Flor.Inicia tambйm o seu trabalho de tradutora de romances franceses para a Civilizaзгo do Porto, funзгo que desempenharб atй a morte, e em 15 de maio, numa carta a Josй Emнdio Amaro, dб notнcias de Charneca em Flor, que diz ter pronto, e de um livro de contos que estб preparando, provavelmente O Dominу Preto.
Em vфo de treino com o hidroaviгo Hanrior 33, em 06 de junho, Apeles mergulha no Tejo, diante de Porto Brandгo, cumprindo, presumivelmente, a decisгo que expusera a irmг em carta imediata a morte da noiva (Maria Augusta Teixeira de Vasconcelos), ocorrida em dezembro de 1925.
Florbela reage heroicamente pondo-se a produzir com afinco um livro de contos, а memуria dele dedicado – “A meu Irmгo, ao meu querido morto”- , o As Mбscaras do Destino. Mas desde entгo, embora continue a colaborar no D. Nuno, a escrever poemas que provavelmente, jб constituem o pуstumo Reliquiae; embora se esforce por fazer publicar o ъltimo livro de contos, e embora permaneзa com a tarefa das traduзхes – ela se declara quase permanentemente deprimida, doente dos nervos, fumando em demasia e emagrecendo sensivelmente.
1930. Inicia a colaboraзгo no recйm-fundado Portugal Feminino com poemas e contos, na revista Civilizaзгo e no Primeiro de Janeiro, ambos de Porto; deslocando-se de vez em quando para Йvora ou para Lisboa, onde participa das reuniхes da revista feminina (e hб mesmo uma foto publicada na altura pelo Portugal Feminino, que registra esse acontecimento, na qual Florbela se acha presente ao lado de outras intelectuais e feministas, como Elina Guimarгes, Maria Amйlia Teixeira, diretora da revista, Branca da Gonta Colaзo, Ana de Castro Osуrio, Alice Ogando, Maria Lamas, Thereza Leitгo de Barros, Laura Chaves e Fernanda de Castro).
O seu Diбrio do ъltimo ano, encetado em 11 de janeiro, dб conta do estado de solidгo em que Florbela estб mergulhada: “O olhar dum bicho comove-me mais profundamente que um olhar humano. Hб lб dentro uma alma que quer falar e nгo pode, princesa encantada por qualquer fada mб. Num grande esforзo de compreensгo, debruзo-me, mergulho os meus olhos nos olhos do meu cгo: tu que queres? E os olhos respondem-me e eu nгo entendo…Ah, Ter quatro patas e compreender a sъplica humilde, a angustiosa ansiedade daquele olhar! Afinal…de que tendes vуs orgulho, у gentes?” E certamente nгo й em vгo que Florbela se faz acompanhar, durante esse ъltimo percurso, por essa imagem: nгo й o cгo mitolуgico guardiгo da morte?
Em 18 de julho, dб inнcio а correspondкncia com Guido Battelli, que, entre 18 de novembro atй a ъltima peзa, de 5 de dezembro, apenas registra a sua preocupaзгo pelo aspecto estйtico e comercial do Charneca em Flor, que se encontra no prelo, e pelas provas tipogrбficas da obra, das quais ela chaga a revisar mais de uma dъzia de folhas.
Seu Diбrio se encerra em 02 de dezembro com uma ъnica frase “e nгo haver gestos novos nem palavras novas!” Na passagem de 07 para 08 de dezembro, Florbela d’Alma da Conceiзгo Espanca suicida-se em Matosinhos e й enterrada, no mesmo dia 08, no Cemitйrio de Sedin. Seus restos mortais serгo, em 17 de maio de 1964, transportados para o Cemitйrio de Vila Viзosa, “a terra alentejana a que entranhadamente quero”, como а terra natal tiveram oportunidade de se referir na mencionada carta a Josй Emнdio Amaro, em 15 de maio de 1927.
OBRAS
Livro de Mбgoas. Lisboa, Tipografia Maurнcio, 1919.
Livro de Sуror Saudade. Lisboa, Tipografia A Americana, 1923.
Charneca em Flor. Coimbra, Livraria Gonзalves, 1931.
Charneca em Flor (com 28 sonetos inйditos). Coimbra, Livraria Gonзalves, 1931.
Cartas de Florbela Espanca (a Dona Jъlia Alves e a Guido Battelli). Coimbra, Livraria Gonзalves, 1931.
As Mбscaras do Destino. Porto, Editora Maranus, 1931.
Sonetos Completos (Livro de Mбgoas, Livro de Sуror Saudade, Charneca em Flor, Reliquiae). Coimbra, Livraria Gonзalves, 1934.
Cartas de Florbela Espanca. Lisboa, Ediзгo dos Autores, s/d, prefбcio de Azinhal Abelho e Josй Emнdio Amaro(1949).
Diбrio do ъltimo ano. Lisboa, Bertrand, 1981, prefбcio de Natбlia Correia.
O Dominу Preto. Lisboa, Bertrand, 1982, prefбcio de Y. K. Centeno.
Obras Completas de Florbela Espanca. Lisboa, Publicaзхes Dom Quixote, 1985-1986, 08 vols., ediзгo de Rui Guedes.
Trocando Olhares. Lisboa, Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1994; estudo introdutуrio, estabelecimento de textos e notas de Maria Lucia Dal Farra.
Bibliografia sobre a Escritora
ALEXANDRINA, Maria. A Vida Ignorada de Florbla Espanca. Porto: Editora A, 1964.
GUEDES, Rui. Fotobiografia de Florbela Espanca. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1985.
LUÍS, Agustina Bessa. Florbela Espanca. Lisboa: Guimarães, 1984.
PAIVA, José Rodrigues de (org.). Estudos sobre Florbela Espanca. Recife: Emerenciano, 1995.
RÉGIO, José V. Florbela: Ensaio de interpretação crítica. Porto: Brasília, 1980.